segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ramon

Natural de Sirinhaém, a 76 Km do Recife, e de origem humilde, Ramon da Silva Ramos decidiu deixar a família e equipe em que atuava - Usina Trapiche - para tentar a sorte na capital. Em 67 ele chega aos juvenis do Santa com a esperança de uma vida melhor. Dois anos depois, Ramon, então com 19, é relacionado para os últimos jogos do campeonato pernambucano, garantindo-se, assim, no grupo campeão de 1969.

A trajetória de Ramon no Mais Querido começa pra valer em 1970, ano do bicampeonato. A base do time de 69, com Fernando Santana comandando o ataque, fora mantida, e Ramon foi ganhando espaço aos poucos, ora entrando no lugar de Santana, ora no de Uriel. Marcou seis gols no campeonato, sendo um deles na decisão, no Arruda, na vitória por 2x0 sobre o Náutico - Cuíca fez o outro. Ainda em 70, o Santa representou Pernambuco no "Robertão", competição que antecedeu o Brasileirão, mas fez uma campanha discreta, terminando na 12ª colocação, entre as 17 equipes.

No tricampeonato, em 71, Ramon já era considerado um dos ídolos do time. Dirigido por Duque, o Santa venceu os três turnos. Na "extra" do terceiro turno, na Ilha do Retiro, o Tricolor venceu seu arqui-inimigo por 1x0 com um gol de Cuíca aos 14 minutos do 2° tempo da prorrogação. A caminhada para o Penta seguia a passos largos e o ano de 72 é lembrado pela dupla alegria ao clube do Arruda. Primeiro, a conquista do Tetra, mais uma vez ganho com facilidade, com rodadas de antecipação num jogo contra o Central. O artilheiro do campeonato e do Santa Cruz foi Fernando Santana, com 15 gols, seguido por Ramon, com 13. Um mês depois da maior conquista do clube até então, era inaugurado o Colosso do Arruda, numa festa sem precedentes em um amistoso com o Flamengo.

Mas o grande ano do Santa Cruz e de Ramon viria a ser o de 1973. Os meninos de Gradim, formados por pratas-da-casa como Fernando Santana, Givanildo, Ramon, Zé Maria, Luciano e muitos outros, foram mantidos. O time montado por Gradim, estava, agora, sob tutela de Paulo Emílio e também já passara pelas mãos de Evaristo Macedo e Duque. Ramon foi decisivo na conquista do Penta, marcando os dois gols do título na partida extra contra o Sport, na Ilha. 36.459 pessoas compareceram ao estádio, público recorde da época, para ver o centroavante alegrar a massa coral aos 7 minutos do 1° tempo e 36 do 2°. "Pode me botar pra fora do emprego. Não me importo. O Santa é Penta e é isso que vale", dizia um torcedor vagando pelo Arruda, às 10h da manhã do dia seguinte. Ramon marcou 21 gols no estadual, atrás apenas na artilharia para, o não menos importante no título, Luciano, que fez 25 gols. Ao todo, de 70 a 73, Ramon participou de 84 jogos em pernambucanos e deixou sua marca 46 vezes.

O reconhecimento nacional viria acontecer durante o Brasileirão, disputado no segundo semestre. Ele se tornou o primeiro jogador de um clube nordestino a terminar o Campeonato Brasileiro como artilheiro. "Palmeiras é o bicampeão brasileiro e Ramon é o artilheiro", anunciavam as rádios recifenses. Dessa forma, veio a confirmação da artilharia, pois seus principais concorrrentes - Leivinha, do Palmeiras, e Mirandinha, do São Paulo - disputaram a fase final do campeonato. Foguetórios em alguns subúrbios ecoaram pela capital pernambucana. Foram 21 gols - marca inédita -, do total de 39 que o Santa fez no nacional. A campanha do clube em si não chegou a chamar à atenção - 16° entre os 40 clubes -, pois a defesa falhava demais, mas Ramon, considerado uma das maiores revelações, ficou cotado para a disputa da Copa-74, na Alemanha. A expectativa aumentou quando ele foi relacionado entre os 40 convocados por Zagallo, fazendo parte de uma espécie "lista de espera". Infelizmente, no início de 74, numa partida diante do Santo Amaro, o centroavante Tricolor forçou o músculo e sentiu-se mal, sendo substituído e amargando um longo tempo afastado.
Ao fim de 73, além da faixa de pentacampeão no peito e da artilharia do Brasileirão garantida, Ramon ainda terminou na segunda colocação na bola de prata, com média de 7.3, atrás apenas de Mirandinha, do São Paulo, que teve média de 7.4. Pouco tempo depois começava o Brasileirão-74, antes do estadual, e com o pensamento na conquista do hexa, o Santa fez péssima campanha no Nacional - 35° entre os 40 clubes.

No Pernambucano, a disputa seguia acirrada, mas um vacilo na reta final do segundo turno contra o Ferroviário, permitiu que o Náutico fosse para a final com o Santa. Nela, os alvirrubros, ávidos para impedir o hexa coral, levaram a melhor.

O ano de 75 marcou o fim da passagem do atacante pelo Mais Querido. E foi um fechamento com a chamada "chave-de-ouro". Afinal, o Santa fez sua melhor campanha em Brasileirões, terminando na quarta colocação. Ramon balançou as redes 8 vezes, mas dois desses gols foram especiais. Maracanã lotado, Flamengo x Santa Cruz, um deles iria para a semifinal. A imprensa "nacional" simplesmente desconsiderava a chance de vitória do Santa e a conseqüente classificação entre os quatro melhores do Brasil. Eis que, Ramon apronta duas vezes, Wolney uma, Zico desconta, e o Santa estabele o placar de 3x1, calando o Maracanã e o Brasil.

Após mais uma destacada temporada, não foi possível segurar o terceiro maior artilheiro do clube com 148 gols. Ramon foi vendido, numa negociação milionária, ao Internacional, onde não se encaixou bem. Voltou a Pernambuco, para o Sport, não teve grande destaque, e foi negociado com o Vasco. Ao lado de Roberto Dinamite fez sucesso e, após deixar o clube carioca, rodou um pouco - inclusive pelo Santa, em 83 -, vindo encerrar a carreira em 85, no Brasília.

Ficha do Ídolo
Ramon da Silva Ramos
Data de Nascimento: 12/03/1950 / Sirinhaém (PE)
Posição: Centroavante

Clubes
Santa Cruz: 1967-75 e 1983
Internacional: 1976
Sport Recife: 1976)
Vasco da Gama: 1977-79
Goiás: 1979-81
Ceará: 1981-82
São José-SP: 1983
Ferroviário-CE: 1984
Brasília: 1985

Títulos
Pentacampeão Pernambucano:1969,1970,1971,1972,1973
Campeão Carioca: 1977
Campeão Cearense: 1981

Marcas
Artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1973, com 21 gols
Pelo Santa Cruz foram 377 jogos e 148 gols.

Características: Versátil - adequava-se a diferentes posições na frente -, habilidoso, oportunista, móbil e tinha boa arrancada.

Fonte: www.idolosdosanta.blogspot.com

Nenhum comentário: